KulturRevolution

Rico Lins colabora com a revista acadêmica KulturRevolution desde sua fundação, em 1982. Dedicada à teoria do discurso, criada e editada por professores da Universidade de Bochum, na Alemanha, ela se caracteriza não só pela versatilidade temática como também pela liberdade (de expressão) gráfica e o consequente experimentalismo de suas capas — inicialmente desenvolvidas analogicamente e impressas em offset três cores por uma gráfica na Alemanha.

A escolha pelo processo analógico requeria grande dose de experimentação gráfica, valendo-se da superposição e encaixe de três layers, e as especificações correspondentes à impressão de cada cor. O sucesso do resultado final dependia não só de uma tentativa de previsão da somatória das cores por parte do designer, como da compreensão de todas as indicações técnicas por parte da gráfica. E essa orquestração conta sempre com a possibilidade do inesperado.

Cliente


Klartext-Verlag Bochum Hattingen

Criado em


Paris, São Paulo, London, New York, 1982-2024

Categoria


Capa + Identidade

“Analogias históricas” é o título do nº24 da revista e o tema é revisitado e atualizado na presente edição nº85. Nessa nova versão o foco é sobre eventos mais recentes e a figura do estadista inglês Neville Chamberlain e o “Appeasement”, sua política de apaziguamento de 1932, ecoam com a postura da alemã Angela Merkel em 2022. O guarda-chuva, ícone então adotado por Chamberlain é o traço de união entre esses dois momentos e personalidades.

A edição 84 aborda a “Iconoclastia” na ótica atual indo além das referências históricas religiosas. Afinal, do ponto de vista gráfico, o tema desencadeou uma revolução nas linguagens visuais desde as vanguardas artísticas do início do século XX com o dadaísmo, o surrealismo e o construtivismo russo até hoje.
A referencia explícita ao poderoso ícone gráfico criado em 1928 pelo artista alemão John Heartfield para a capa do jornal político Die Rote Fahne estabelece não apenas um elo visual entre dois momentos distintos da imprensa de esquerda alemã como, com o gesto ambíguo de dois cortes secos sobre a imagem original— um da direita para a esquerda e outro da esquerda para a direita — alude à radical polarização internacional atual.

“A Inversão de uma Era” foi o tema da KulturRevolution nº 83 que celebrou seus 40 anos de existência com dose dupla. Tendo por foco central o retrocesso gerado pela guerra na Ucrânia, marcada pelo símbolo “Z” russo, traz também uma entrevista inédita com Michel Foucault. A capa criada resgata a edição dedicada ao filósofo francês em 1987, o que pode ser visto na imagem anexa.

“Baseada em fatos” é o título do nº 81 da KulturRevolution que questiona a verdade científica. Imediatamente me veio à cabeça a imagem de “Raio-X da Barbie”, obra do meu querido amigo Guto Lacaz, mestre em tratar com humor as chamadas “verdades científicas”. Raríssimas vezes me vali do trabalho de uma outra pessoa nessa longa série de capas mas nesse caso, Guto trouxe a exceção que se encaixava perfeitamente no tema, a primeira capa totalmente em preto e branco da revista…

“Sexualidades normalizáveis” é o tema da capa da 80a edição da revista KulturRevolution realizada em parceria com o Dresden Hygiene Museum, onde uma imagem que se refere a figuras masculina e feminina carrega no corpo o logo e o título da edição tatuados junto a uma grande variedade de utensílios e brinquedos sexuais disponíveis na internet.

Lançada em dezembro de 2020, a edição nº 79 da revista KulturRevolution traz a questão “Além do Corona: que Novo Normal?” na capa e reflexões sobre os parâmetros de normalidade devido à pandemia de Covid-19.

Deutsche Kopflanger

O título da edição nº 77 da revista remete a uma expressão satírica criada por Bertolt Brecht para se referir aos intelectuais que vendem sua sabedoria aos interesses do capitalismo. A lendária figura de Saint Denis, mártir católico que, apesar de decapitado caminhou muitos quilômetros até o local onde queria ser enterrado, serviu de tema à capa que segue a configuração da bandeira da União Europeia como uma auréola em torno da cabeça do personagem.

Capa para a edição 76 da revista, que tem como tema os fluxos migratórios e o controverso acordo intergovernamental promovido pela ONU, que visa enfrentar os atuais desafios associados à migração, reforçando a cooperação entre as nações signatárias para o desenvolvimento sustentável regional.

A capa do número 74 da publicação propõe pensar a questão de Fronteiras, sejam elas culturais, identitárias ou ideológicas.

A capa para a edição 72 da revista KulturRevolution “Populismo: Direita, Esquerda, Centro?” tem como tema a atual ascensão mundial do populismo, tendo como referencias teóricas o cientista político Ernesto Laclau e Antonio Gramsci, retratados no interior da revista com a marca do partido político espanhol Podemos.

“Antagonismo” é o tema central desta edição. Nas cores da bandeira síria, a capa revela o negativo de uma foto do êxodo de refugiados.

Para celebrar o permanente diálogo desta revista com temas da atualidade, a capa comemorativa de seus 20 anos integra a imagem de um tradicional pente preto sobre os revoltos cabelos coloridos da juventude alemã, que se enroscam no nome da publicação.

A matéria de capa “Coca-cola” questiona a existência de um coletivo simbólico no século 21, representada na capa pela foto de Edson Meirelles, de um carrinho de refrigerante.

“O Discurso Faz a Hegemonia”, baseada numa imagem do construtivista russo Alexander Rodchenko, a figura híbrida mistura a careca de Michel Foucault, a barba de Marx, a estrela de Mao Tsé-Tung e o bottom com Trótski para questionar se o discurso faz, realmente, a hegemonia da esquerda.

“Esquerda/Direita” discute a alternância de poder e a ascensão da social-democracia na Alemanha pré-queda do Muro de Berlim pela superposição do passo de tango “volta à esquerda” nas cores da bandeira alemã.

O tema dessa edição é uma reflexão acerca do quão simplista e distorcido se torna o discurso da sustentabilidade quando baseado exclusivamente em questões ecológicas.

Uma série de interpretações romantizadas sobre o Nazismo surgiram no cinema, literatura e cultura de massas alemães, e este boneco Ken executando um passo nazista se tornou o protótipo reencarnado do homem branco ariano.

Uma multitude de métodos de aprendizagem rápidos disseminou a ideia de aquisição de conhecimentos veloz (e superficial).